sexta-feira, 15 de maio de 2009

NO REINO DO CHAPÉU – parte 4/4;


...Se a moda já sacrificou a função elementar de muitos itens do vestuário em nome da estética, os chapéus cada vez menos servem para proteger ou para assumir statement, seja para inglesas, francesas e italianas, seja para discípulas de Jackie O., seja aqui do lado, entre as peruas da Hípica e do Jockey Club.
Elizabeth Alexandra Mary, atual rainha da Inglaterra (e de outros 16 Estados da Commonwealth), é o maior exemplo vivo disso. A mania dos chapéus subiu à cabeça da monarca na década de 1960 (dez anos corridos do início do seu reinado), teve seu auge em 1970 e seguiu um padrão linear, evoluindo junto com mudanças comportamentais. A partir de suas aparições públicas, é possível traçar uma escala de evolução da moda. Estudiosos da família real garantem que os chapéus usados por Elizabeth II são manifestações de sua persona: como rainha não decide quais roupas usar, ela investiria nos chapelões nababescos para manifestar ousadia. Outra teoria dá conta de que a rainha usaria chapéus para focar a atenção no rosto, aumentar a estatura perante os súditos e fazer referência implícita à coroa real – reservada para ocasiões raras.
Vistos muito além dos barretes de pele de urso da Guarda Real britânica, os chapéus tiveram papel crucial na sociedade inglesa: durante o regime de Edward VII (bisavô de Elizabeth II), considerado um dos monarcas mais trendsetters de todos os tempos, ninguém andava pelas ruas da Inglaterra com a cabeça ao vento – exceto sem-teto, criminosos, meliantes, rufiões, marginais e lacaios. Naquela época (1890-1910), os adornos cumpririam a função de etiqueta e formalidade, somente declinando no início da Primeira Guerra Mundial, em 1914. Durante e após os conflitos bélicos, os chapéus perderam a força iônica e se transformaram em itens opcionais, com releituras até dos campos de batalha, caso das boinas. O desejo da realeza pelos chapéus continua tão intenso que movimenta um setor inteiro do mercado britânico, hoje norteado por uma única figura: o glamoroso Philip Treacy.


¬ NA ABA DA RAINHA
O desejo da realeza por chapéus continua intenso. Há mais de quatro décadas a rainha Elizabeth II só aparece em público de cabeça feita. E raramente repete o mesmo modelo









¬ Loucas por chapéus: a princesa Beatrice de York, neta da rainha





¬ e Kate Middleton, namorada do príncipe William





Um comentário:

Cristina Faraon disse...

Pois é... Aquelas roupas e adereços esquisitíssimos dos séculos 15 e 16 não sumiram de vez. Esse povo continua esquisitinho até hoje. Parecem querer ser pássaros... E nós é que somos exóticos...