quarta-feira, 13 de maio de 2009

NO REINO DO CHAPÉU – parte 2/4;


¬ Isabella Blow com chapéu usado originalmente em campanha para a Liberty.

... “Quando era criança, fazia roupas e chapéus para bonecas da minha irmã. No quintal de casa, tinha tudo de que eu precisava: galinhas, gansos, patos e faisões”, contou Philip Treacy. Irlandês natural de Ahascragh, pequeno vilareijo no condado de Galway, o chapeleiro radicado em Londres há mais de duas décadas é quase tão maluco quanto o seu chapa de Alice no País das Maravilhas. Suas criações vão desde os adornos espalhafatosos da cachola de Elton John até objetos de desejo do mais tradicional high society europeu. Treacy não se contentaria com tão pouco. Ele é o único do seu ramo condecorado com titulo da Ordem do Império Britânico, por ordem da cliente número um, Sua Majestade Elizabeth II. Aos 23 anos, em 1991, foi convidado por Karl Lagerfeld, kaiser da Chanel, para desenhar os adereços de uma coleção. A parceria foi produtiva e a primeira peça da maison, um chapéu feito a partir de uma gaiola, foi parar na cabeça de Linda Evangelista na capa da Vogue UK. Poucos meses depois, ele ganhava o primeiro prêmio de uma série de quatro como Melhor Designer de Acessórios do Ano. O mundo fashion logo o adotou como sinônimo de “chapéu”.E lá estava Philip bolando modelos para lojas de departamento, abrindo showrooms e orquestrando o primeiro desfile de alta-costura totalmente dedicado aos cabeções.
Na coleção Orchid, mostrou orquídeas reiterpretadas em adornos de cabeça. Oficialmente, foi com esse desfile – parte da exposição “AngloMania: Tradition and Transgression in British Fashion” no MetMuseum de Nova York em 2007 – que Treacy conquistou de vez o quase impenetrável clubinho da moda. Kate Moss, Naomi Campbell e Christy Turlington desfilaram para ele em troca de acessórios, projetando ainda mais o seu nome. O grande salto veio em 2005: Camilla Parker-Bowles o escolheu para criar o chapéu que usou no casamento com Príncipe Charles, ex-marido da princesa fashion Diana, que, of course, também foi cliente do designer.
Enquanto a família real manteve as cabeças sãs e belas, personalidades lelés da cuca preferiram usar chapéus para transgredir padrões, caso de Isabela Blow (1958-2007), melhor amiga, musa e cliente de Philip: “Uso chapéus para que os outros não se aproximem de mim. Quando alguém quer me dar um beijo, tenho uma desculpa para não permitir: não quero ser tocada por qualquer pessoa. Quero ser beijada apenas por aqueles que eu amo”. Mrs. Blow, uma das figuras devastadoras da moda inglesa, foi quem ajudou Philip Treacy desde o inicio, cedendo o andar de baixo da sua casa para que criasse obras absurdas. Ele s se conheceram através do fotógrafo e jornalista Michael Roberts, atual diretor de estilo da Vanity Fair e na época diretor de moda das publicações Tatler e Sunday Times Style, que ajudou a bombar Philip. Mas não tanto quanto Isabella Blow: “Ela foi a primeira e única pessoa extraordinária que encontrei em Londres. Tive a oportunidade de conhecer todos os meus ídolos, mas nenhum a superou. Hoje entro no meu estúdio e a vejo em todos os cantos: ela está presente em cada chapéus que criei”, relembra. Continua...


¬ Casamento do Príncipe Charles com Camilla Parker-Bowles, que escolheu Philip Treacy para criar o chapéu que usou na cerimonia.

¬ Capa Vogue UK de 1991, Linda Evangelista usando chapéu desenvolvido por Philip Treacy.

¬ O estilista Philip Treacy.

¬ Isabella Blow por Helmut Newton.


¬ Yasmin Warsame por Steven Meisel.

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