quinta-feira, 28 de maio de 2009

Falando em livro – Freud, o castrador;

Nas 924 cartas que Freud, o criador da psicanálise, escreveu para conquistar Martha Bernays, com quem se casou, ele se mostra o oposto de seus complexos textos científicos. “Era pueril, cheio de clichês, sentimentalóide”,diz ela em uma das cartas que formam um romance sedutor, Madame Freud, de Nicolle Rosen. O homem que descobriu as relações entre nossos conflitos e a sexualidade sequer conhecia métodos anticoncepcionais, tanto que após o sexto filho (desejavam apenas três), optou pela castidade. Para esse homem, diz Martha, “eu representava a jovem ideal, pura, inocente, perfeita...Ao mesmo tempo, nunca tive direito à menor liberdade, ao menor espaço onde ele não fosse o senhor nem a qualquer outra demonstração de afeto. Tornou-se um guardião severo, sisudo em relação às minhas amizades e, sobretudo, de um ciúme doentio”. Intimamente tinha o apelido de Sigi e exigia respeito absoluto, obediência total. Freud castrou-a totalmente, reduzindo-a a dona de casa e mãe, nada mais que isso. Um perfil bem diferente do “homem libertário” por que ficou conhecido emana do livro de Nicolle Rosen. Freud suplicava que Martha fosse mãe para ele amparo contra a solidão, era frágil, inseguro, angustiado. Martha relata a relação entre Freud e Jung, até o rompimento. É um romance epistolar, sedutor e envolvente. Ainda que cruel. Tanto com Freud, quanto com Martha.

2 comentários:

Gabriel Broadhurst disse...

Recomendo! Super instigante.

Taís Fernandes disse...

Diferente de tudo o que já li a respeito de Freud. Excelente!