segunda-feira, 23 de março de 2009

O caos de nossa realidade;

Alexandre Herchcovitch fez bonito ao oferecer uma enxurrada de sugestões e depoimentos de moda convincentes, que se alinham, ecoam e miscigenam tendências e desejos globais. Assim, olhou para nossas cidades caóticas e resolveu ver aquilo tudo se transformar; milhares de carros, muros pintados, placas, outdoors, milhões de pessoas nas ruas, mas transformar? Sim transformar em roupa – e roupa da melhor qualidade. Então pegou tudo isso partindo de referências mil – das musas cubistas ao punk alemão, passando pela desordem das grandes metrópoles - ele misturou ideias, como uma grande colagem. O resultado? Linhas arredondadas de casacos grunge com toque dada-surrealista-cubista, várias camadas – em um mix de tecidos e cortes impressionantes – parece mais uma disputa, todos juntos, revelando uma única peça, que olhada de uma certa distância, dá a impressão de ser várias, sobrepostas, assim como as calças.
Muito, muito brilho vindo dos paetês que surgem desgastados, como se já surrados de muitas e muitas festas, reforçando o tom boêmio da coleção. Se não bastasse, vestidos revelando um inesperado forro georgette de seda estampada.
As estampas, entram na brincadeira do revelar/esconder: tem flor por cima de manchados, tem fragmentos de pôsteres de rua. As bolsas de fibra e papel machê, mais parecendo pedras. As pregas viram babados, os babados se misturam à alfaiataria que surge com assimetrias no meio do vestido, teoricamente, sem vocação para alfaiataria alguma. Para decifrar esse mistério, basta saber que as peças são bonitas, sofisticadas e delicadas, mesmo com todas as texturas diferentes, aplicações de tachas e o uso de peles fakes.

Parece caótico? Não poderia ser mais harmônico.


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