domingo, 21 de junho de 2009

Vida nova na centenária Loewe;

Pergunte a qualquer espanhol qual a maior marca de luxo de seu país, e a resposta será unânime: Loewe (pronuncie “luêbe”, com sotaque madrileño). Fora da Espanha, entretanto, pouca gente conhece a grife e, mesmo quem conhece, não sabe dizer ao certo que cara tem. Essa lacuna está com dias contados. Há um ano, o grupo LVMH, que adquiriu a marca em 1996, recrutou o garoto prodígio britânico Stuart Vevers para dar uma sacudida geral e – sem perder seu DNA quase bicentenário – transformar a Loewe em uma grife reconhecida e desejada muito além das fronteiras Espanha e da Europa. Se ainda não associou o nome à pessoa, vai um lembrete: foi o ruivíssimo Vevers que recentemente revitalizou a Mulberry, criando um best-seller atrás do outro. Quando fez as malas e trocou Londres por Madri, em janeiro de 2008, a coleção de inverno já estava quase pronta e não havia muito a fazer. Ainda assim, deu para intuir o que estava por vir. A musa escolhida por Stuart para a campanha foi Stephanie Seymour, supermodel dos anos 90, uma mulher adulta, confiante e, acima de tudo, sexy. Segundo ele, o maior desafio na chegada foi definir uma silhueta Loewe. O resultado? Um classicismo provocante. “Kim Bessinger em 9 ½ Semanas de Amor serviu de referência para criar um clássico que fosse também dinâmico, sexy e cool. O segredo é sempre misturar um elemento sério com outro mais feminino.” A prova de que Vevers tinha mesmo o toque de Midas veio na coleção do verão 2009, que promete repetir na caixa registradora o sucesso obtido junto à crítica.

Restam poucas dúvidas de que a Loewe está prestes a escrever um novo capítulo na moda mundial. A marca crida em 1846 por um grupo de artesãos começou a dar o que falar em terras ibéricas anos mais tarde, quando o alemão Enrique Loewe Roessberg se mudou para madri. Ele uniu sua melodia e rigor à criatividade e know-how em couro dos espanhóis e, pouco a pouco, a grife conquistou a aristocracia, abrindo a primeira loja em 1892. Ao londo do século seguinte, tornou-se sinônimo de qualidade, elegância e refinamento e sobreviveu firme às intempéries típicas da moda, sem no entanto provar sua relevância num cenário mundial. Agora cabe a um inglês de 34 anos a tarefa de reinventar a marca. Credenciais não lhe faltam, apesar da pouca idade: já passou pela Calvin Klein, Bottega Veneta, Givenchy e Louis Vuitton. Vevers conta que duas coisas pesaram muito para que aceitasse o convite: o fato de a Loewe ser a única casa de luxo espanhola e o fato de ter ateliês próprios, conhecidos pela excelência – a marca usa peles exóticas como a de iguana e é a única do mundo a trabalhar com Napa 7000, pele bovina muito fina, de qualidade inigualável, usada em bolsas e no vestuário.

Além de tornar a Loewe relevante fora da Espanha, outro desafio de Vevers é criar unidade interna. Antes de sua chegada, os departamentos não eram interligados e cada pedaço da coleção era desenhado por um grupo. Agora, todos seguirão uma mesma visão – a dele. “Meu objetivo é que num curto espaço de tempo as pessoas vejam um lenço ou bolsa e digam: ‘Isso é tão Loewe!’.” Para chegar lá, a cada nova coleção, Vevers reeditará ícones como as bolsas Calle e Amazona, mudando cores e pequenos detalhes. A Amazona é talvez a “alma” da antiga Loewe: criada em 1975, nunca deixou de ser produzida, ainda que tenha sido bastante modificada no decorrer dos anos – acredita-se que todas as mulheres na Espanha tenham tido algum dia uma Amazona. Já a Calle foi desenhanda por Vevers no último inverno e fez tanto sucesso que ganhou espaço no pódio. Se o foco de sua primeira coleção foi destacar a historia da marca, lançando clássicos reeditados para o mercado de luxo do século 21, a coleção de verão ousa com vestidos sexy com babados e apliques. A boa noticia é que os planos de expansão da Loewe incluem o Brasil. Enquanto isso, Madri está logo ali!

¬ Fotos de campanhas passadas







¬ O inglês Stuart Vevers

Nenhum comentário: